18 de nov. de 2007

O sonho da noite
anterior
fora mais impressionista.
(O menino)

De manhã aromas escuros
na bolacha e na maçã.

Andantes nunca vistos,
(na paisagem)
aconteceram.


O espaço, ao caldo
de um domingo.
(Nina o tempo)


O domingo, no vizinho
lava o carro.

(Da janela)



No pátio interno, velhos sonhos.
Novos

filhos Óbvios do efêmero...

14 de nov. de 2007

Luz, câmera: absurdo

Nos fálicos arranha-céus de concreto,
erguidos à sangue e carne, e onde repousam
cifras,

do metal ferro, solto da rocha,
e movendo-se no limite,
rente ao choque,

das sombras desfiguradas, com pressa,
buscando somente um espelho
que
lhes dê o último gozo que resta,

Nos fetos expostos ao vento,
do tempo batendo no rosto.
Sangrando.

Em todo e qualquer canto, que nem eu nem você
Olhamos
-tudo se revela-

A realidade, então transfigurada
em absurdo.

A única realidade, que em cinema mudo
se mostra.
O espetáculo de todas as nossas certezas
passando.
Mortas.

8 de nov. de 2007

Lugares assim...

Lugares onde o verde rasteja,
misturando resquícios de água
ao cheiro forte de terra,

Lugares onde o luar procura frestas,
iluminando a solidão, e acendendo idéias
fósseis,

Lugares assim, de silenciosos seres em
que ecoam existências,

Ressoam em mim, e fazem de meu corpo como
que um cinema.
Então, pode alcançar o meu olhar
a altura mesma
das pedras.

Num último olhar guardado

Não começou faz quatro minutos
esse espetáculo que logo em breve,
não caberá mais nesse mundo.
Não derramará mais segundos,
Não se fará com o ritmo de surdos.

O momento é tão vasto, e lá fora
parece ampliar tudo,
o meu olho. O sol em instante último,
colore o céu,
(Este, semi-coberto de um taciturno manto
noturno)

Aproxima-se a noite, engolindo do dia
seus restos jogados. Isso me é tão palpável
quanto Roberto Piva, alucinado num beco
em São Paulo,
tocando a harpa dos anjos.

Eis que Num banco, sentado varado de luz,
homens jogando carteado,
absorvo o tom fugidio
da vida.
Num último olhar guardado.