9 de set. de 2007

enceno

Como as pedras, que fazem mais silêncio
à noite,
ao claro de escuro preencho.

Como quem, a seu modo, prepara-se
para
parir
o dia,
enceno
a falta de sono.

solução

Solidão assim é andar na lua,
é estar ao feitio do silêncio.
Se confundir, e em meio à decoração
da sala,
nem saber onde se
estava.
Onde estava
a, como chama mesmo, a
Vida? ou outra palavra, das que
tu me davas. Todas claras, todas vestidas, de branco ou
-amarelo-
Será? é. Foi? não.

Se o verbo é você, então
emudecer
parece a solução.
Praia deserta. Escura
Clareia a lua. Então, coqueiros
socam o vento. Sopram,
sopram.

Murmúrios marinhos compõem
o tempo. Testam os sons
-os sonhos-
que no sonho mesmo pensei
ter,
ser o
sonho,
a vida.

7 de set. de 2007

Ainda bem

"Aquele que rasteja, pois, partilha da terra."



Certo dia, caminhando ia um homem.
Solitário, vagava pelos cantos do mundo sem nunca
ficar num só lugar. Sempre andando, jamais fixando o olhar.
E andava, andava, andava.
Pois que um dia aconteceu de se encontrar consigo mesmo, e no ponto em que havia partido!
Agradecido, beijou a si mesmo, e à terra que estava sob seus pés. Aqueles dois homens,
se pudessem ter sido vistos, pareceriam a quem olhasse, as pessoas mais felizes e realizadas da terra.
Galileu, mais tarde, veio dizer que a terra era redonda, ainda bem!

6 de set. de 2007

cuspe amarelo

O mundo continua uma cidade
Eu, mudo ando...

Dou de morrer ás árvores, choro
se um dia falta luz
- nessas Noites compridas-

-Onde vais, minha vida? vou ali comprar.
Cigarros, tv, o diabo.
No meio do redemunho
ali parado,
testemunhei.


Esqueci, ou eu já aprendi?
De mim mesmo me salvei
quando no nada
vi
algo,
se mexendo
vivo
vivo
vivo

Transbordou.
Seja lá o que for,
tambores tocam. Ossos.

A mim parece tudo tranquilo,
no eterno e absoluto conflito:
a cidade, aqui,
Não dá para fugir.

De tudo isso,
uma metáfora seria
um cuspe amarelo num cinzeiro.