26 de fev. de 2008

Estudo nº1 (memórias)

Mar revolto.
Um mastro torto
sombreia imagens
deitadas no vulto
das águas.
Antes.

Mar revolto.
No cais, oculto,
há luta. Lá o todo
se desfigura
em outros.

Em cada cor, ranhuras,
ressoa uma voz
distante. Na face,
o verbo inteiro
se despedaça.

É longe pensar.
Enlaçados o verbo,
mar, o mastro.
Envoltos
na figura opaca
de um rosto.

12 de fev. de 2008

Cette nuit avec la lune
Étranger
comme l'homme que ne s'habite pas
il est accroché dans la total
obscurité...
A culpa é cinza
E minha cama está desfeita.
Quisera qualquer carne menos
corte, menos alvo
perfeito.

10 de jan. de 2008

Me vejo nos olhos daquele menino

Me vejo nos olhos daquele menino.
Me vejo em pé, e no olhar fixo de uma criança
sempre há sonhos, soprados dentro
- nos olhos -
por ventos.
E esse menino, deve estar a contemplar coisas
realmente impressionantes, pois que imerso está
em seu silêncio.
O silêncio de quem vê e cala, por sentir
que está vivo, ali mesmo
- nas coisas -
no tempo.

Me vejo nos olhos daquele menino...

18 de nov. de 2007

O sonho da noite
anterior
fora mais impressionista.
(O menino)

De manhã aromas escuros
na bolacha e na maçã.

Andantes nunca vistos,
(na paisagem)
aconteceram.


O espaço, ao caldo
de um domingo.
(Nina o tempo)


O domingo, no vizinho
lava o carro.

(Da janela)



No pátio interno, velhos sonhos.
Novos

filhos Óbvios do efêmero...

14 de nov. de 2007

Luz, câmera: absurdo

Nos fálicos arranha-céus de concreto,
erguidos à sangue e carne, e onde repousam
cifras,

do metal ferro, solto da rocha,
e movendo-se no limite,
rente ao choque,

das sombras desfiguradas, com pressa,
buscando somente um espelho
que
lhes dê o último gozo que resta,

Nos fetos expostos ao vento,
do tempo batendo no rosto.
Sangrando.

Em todo e qualquer canto, que nem eu nem você
Olhamos
-tudo se revela-

A realidade, então transfigurada
em absurdo.

A única realidade, que em cinema mudo
se mostra.
O espetáculo de todas as nossas certezas
passando.
Mortas.

8 de nov. de 2007

Lugares assim...

Lugares onde o verde rasteja,
misturando resquícios de água
ao cheiro forte de terra,

Lugares onde o luar procura frestas,
iluminando a solidão, e acendendo idéias
fósseis,

Lugares assim, de silenciosos seres em
que ecoam existências,

Ressoam em mim, e fazem de meu corpo como
que um cinema.
Então, pode alcançar o meu olhar
a altura mesma
das pedras.